O tema anomalia da soja tem sido discutido frequentemente na central de conteúdos Mais Agro. Isso porque a Syngenta foi pioneira nas investigações desde que os primeiros sintomas surgiram nas lavouras do Cerrado. 

Do início dessa jornada até aqui, já descobrimos que a anomalia da soja, na verdade, se trata de uma doença causada por fungos, principalmente dos gêneros Colletotrichum e Diaporthe – e que atualmente é reconhecida pela comunidade científica como podridão dos grãos e das sementes e quebramento das hastes da soja, devido aos sintomas observados no campo.

Se você não tem acompanhado as notícias sobre o cenário da anomalia no Cerrado, é importante saber que essa nova ameaça já causou cerca de R$ 1,5 bilhão em prejuízo nas últimas três safras.

E qual a novidade? A anomalia da soja já chegou ao Sul do Brasil, registrando as primeiras ocorrências em lavouras do Paraná e nas regiões de Cruz Alta e Júlio de Castilhos, no Rio Grande do Sul, além de já estar causando problemas em Santa Catarina.

Para apresentar informações atualizadas e munir os sojicultores do Sul com as estratégias de manejo que mais tem funcionado nas lavouras que já lidam com esse problema há mais tempo, conversamos com Carolina Deuner, que é professora e pesquisadora, engenheira-agrônoma, doutora em Fitopatologia pela Universidade Federal de Lavras e consultora da Protscience. 

A anomalia da soja já está no Sul, e o cuidado deve ser redobrado para evitar uma epidemia

De acordo com a especialista Carolina Deuner, a anomalia da soja atingiu o nível de epidemia no Estado do Mato Grosso. A doença, que estava concentrada apenas em algumas regiões do Estado, ganhou força nas últimas safras, tanto em potencial de danos quanto em disseminação, atingindo novas áreas.

O ponto-chave para o agravamento dessa situação, ressalta a pesquisadora, foi o clima favorável ao complexo de patógenos envolvidos na anomalia: 

“Eles [os patógenos] são favorecidos por maior tempo de molhamento foliar ou encharcamento do solo. Então isso significa que quanto mais chove, maior o potencial de ter uma epidemia, que foi o que aconteceu no Mato Grosso.” 

A pesquisadora ressalta que esse foi também o motivo para o atraso da chegada da anomalia da soja no Sul, já que o Estado enfrentou um clima mais seco nas duas últimas safras. 

E é aqui que entra o alerta para os sojicultores do Sul: com a influência do El Niño, a tendência é de maior volume de chuvas para a região na safra 2023/24, o que aumenta os riscos de uma epidemia de podridão de grãos e sementes e quebramento de hastes da soja.

“A entrada [da doença] está ligada pela transmissão via sementes contaminadas, e a epidemia está ligada às condições climáticas. Ano de El Niño a gente tem uma possibilidade de ter o fechamento do triângulo, que é ter o patógeno, ter a cultura e ter o ambiente favorável.” explica Carolina.

Ano de aprendizado: safra 2023/24 será decisiva para sojicultores do Sul 

Quem trabalha no campo sabe que cada safra que se inicia representa um novo ciclo de aprendizagem, seja sobre o que fazer ou sobre o que não fazer no próximo ano. 

Com a vantagem de poder estruturar o manejo já observando as lavouras do Cerrado, os sojicultores do Sul precisarão estar mais atentos do que nunca à safra 2023/24, pois ela será decisiva para um manejo sólido e eficiente do complexo de doenças da soja nas próximas safras.

Além da previsão de um ano mais chuvoso, é durante a safra 2023/24 que os produtores e pesquisadores conseguirão mapear quais são as cultivares mais resistentes à anomalia da soja e qual a relação entre a capacidade produtiva e a resistência à doença de cada cultivar, para tomar decisões estratégicas nos próximos anos.

Para o Cerrado, Carolina explica que essas cultivares já foram mapeadas, por ser um problema que já acontece há pelo menos 4 safras. Esse é o momento, portanto, dos produtores do Sul tomarem o Cerrado como exemplo e usarem os dados a favor da sanidade e da qualidade de suas futuras produções.

Perdas por hectare: qual o potencial de dano da anomalia da soja?

Além das estimativas dos especialistas de que a anomalia da soja já tenha causado cerca de R$ 1,5 bilhões de prejuízo nas últimas três safras, relatos reais do campo mostram que a falta de um manejo preventivo contra a podridão de grãos e sementes e o quebramento das hastes da soja pode inviabilizar totalmente uma produção.

Isso porque, além dos sintomas de apodrecimento das vagens e quebramento das hastes, os patógenos causadores da anomalia também podem continuar agindo nos grãos armazenados. Em lavouras com ocorrência dessa doença, a recomendação de especialistas é de que a comercialização dos grãos sadios seja feita quanto antes, para evitar essa disseminação nos armazéns. 

De acordo com Carolina, a quantificação dos danos da anomalia no Sul deve acontecer na safra 2023/24, mas cenário do Cerrado serve como alerta:

“Nós tivemos danos de 5 até 70% [nas lavouras do Mato Grosso], ou seja, redução na produtividade da cultura […] No Sul, como ainda não tivemos uma epidemia, a gente ainda não tem essa quantificação, mas o potencial de dano é muito alto, porque mesmo que o produtor não tenha uma alta incidência no momento na lavoura, se ele não adotar nenhuma estratégia, quando ele colhe, essas sementes continuam se decompondo. Então eu tenho um dano na lavoura que pode aumentar à medida que eu colho e levo pro armazém.

Podridão de vagens e quebramento de hastes: os sintomas andam juntos? Um aparece mais que o outro? O que sojicultores do Sul devem observar?

Neste ponto, é importante relembrarmos uma coisa: o complexo de doenças da soja e a dinâmica das doenças permanece a mesma diante do surgimento da anomalia. Ou seja, os sojicultores precisam dar atenção a essa nova ameaça sem se esquecer das antigas. 

A construção da sanidade da lavoura deve ser prioridade, principalmente em anos de influência do El Niño, que tendem a registrar maior ocorrência e severidade de pragas e doenças na lavoura. 

Ter isso em mente é importante não só para planejar as aplicações de fungicidas e a escolha do tratamento de sementes, mas também para monitorar o campo, estando atento aos sintomas e à identificação das doenças. Lembre-se: dados também são insumos valiosos para aumentar o potencial produtivo a cada safra.

Diferenciar a anomalia da soja das outras doenças já conhecidas nas lavouras de soja do Sul é chave para tomar decisões mais certeiras e fazer investimentos mais inteligentes a cada novo ciclo. 

Mas como diferenciar os sintomas da anomalia? A anomalia das vagens e o quebramento das hastes são doenças diferentes? Um sintoma ocorre mais que o outro? 

No infográfico abaixo você pode observar os detalhes de cada um desses sintomas: a podridão dos grãos e das dementes e o quebramento das hastes da soja.

Carolina também ressalta que esse ano o sojicultor deverá ter um cuidado muito mais especial com manchas foliares, que, assim como a anomalia, tem seus patógenos presentes na palhada e em sementes contaminadas. 

Para a proteção da lavoura contra as manchas e a podridão de grãos e sementes e quebramento das hastes da soja, a especialista afirma que há duas oportunidades importantes de controle: usar um bom tratamento de sementes para proteção inicial e bloquear a transmissão com a aplicação de fungicidas na parte aérea. 

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Como produtores do Sul podem evitar epidemia de anomalia da soja? 

Como mensagem final para os produtores que acompanham o Mais Agro, a pesquisadora Carolina Deuner ressaltou mais uma vez a importância da construção da sanidade da lavoura diante das previsões de maior volume de precipitação e umidade no Sul, deixando 4 recomendações principais para o manejo:

1. Identificar a anomalia

2. Tentar mapear cultivares

3. Fazer um bom tratamento de sementes

4. Fazer aplicações sequenciais de carboxamidas no pré-fechamento, dando preferência para a carboxamida que apresenta os melhores resultados contra os patógenos da anomalia, como o solatenol.

“Esse é o ano da ocorrência de muitas manchas […] e da metade para o final do ciclo, ferrugem. A anomalia eu vou ver lá no final [do ciclo], mas eu não posso deixar para fazer o controle lá, eu tenho que fazer o controle na Aplicação Zero, na aplicação do pré-fechamento e ir fazendo a sequência das aplicações. Para anomalia, eu não tenho muita coisa a fazer quando eu enxergo, então o meu manejo vai ter que ser muito mais preventivo do que a gente já trabalhava. Hoje a gente sabe que o grupo químico carboxamida na parte aérea é muito importante para nós e, dentre eles, o solatenol tem se destacado.”
Cena retirada do segundo episódio da websérie Combatendo a Anomalia, em que Carolina Deuner mostra o resultado do solatenol controlando um fungo do gênero Colletotrichum, um dos principais agentes da anomalia da soja. Ainda nas palavras de Carolina, começar bem é decisivo para se ter um bom controle de doenças pensando no complexo: manchas foliares, ferrugem e anomalia.
Cena retirada do segundo episódio da websérie Combatendo a Anomalia, em que Carolina Deuner mostra o resultado do solatenol controlando um fungo do gênero Colletotrichum, um dos principais agentes da anomalia da soja. Ainda nas palavras de Carolina, começar bem é decisivo para se ter um bom controle de doenças pensando no complexo: manchas foliares, ferrugem e anomalia.

Ainda nas palavras de Carolina, começar bem é decisivo para se ter um bom controle de doenças pensando no complexo: manchas foliares, ferrugem e anomalia.

“O produtor tem a oportunidade de fazer a Aplicação Zero, entre 25 a 30 dias após a emergência, pensando em diminuir a taxa de transmissão, e aí ele consegue ter um manejo mais completo lá no final.”

Conheça as soluções Syngenta para o manejo da anomalia da soja

A Syngenta não só tem acompanhado as investigações e os estudos sobre a anomalia da soja desde o início, como também foi a primeira empresa a ter soluções registradas para o controle de anomalia da soja, com o poder do solatenol, ingrediente ativo mais eficiente para o controle da podridão de grãos e sementes e do quebramento das hastes da soja

Se você tem interesse em saber mais sobre o portfólio Syngenta de fungicidas para anomalia da soja, aproveite para conferir nossa matéria completa e detalhada sobre cada um dos produtos disponíveis para o período vegetativo, reprodutivo e para as últimas aplicações. É só clicar aqui: Anomalia da soja: Syngenta na vanguarda das pesquisas e soluções.

A Syngenta está ao lado do produtor rural em todos os momentos, oferecendo as soluções necessárias para construirmos, juntos, um agro cada vez mais inovador, rentável e sustentável.

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